terça-feira, 24 de agosto de 2010

CAMARIM

Meu camarim,
espaço especial,
Para mim.
Não para representar,
Mas, viver
o dom de ”ser”,
O sonho sem par ,
do ser humano.

Afeto, dar e receber,
Carinho dar e distribuir,
Companheirismo
Amizade,tolerância,
Paciência,respeito,
Ajuda,de todos os jeitos...

Nele,assumo
De ideal e direito,
Fazer
ou desfazer,
trocas, pausas, leituras...
Ser a heroína, ou a megera,
Mas, crédula
Em um final feliz.

domingo, 22 de agosto de 2010

TALVEZ

Talvez à noite,
Volte pra mim,a palavra
Que contava,
Que não tive amor assim.

Talvez eu somente viva,
Ou morra
Pelo mesmo motivo,
Irônico.

Na noite companheira,
Hei de encontrar a fogueira
Que tudo acendeu, e...
Queimou.

Decretarei meu desterro,
Desprezarei o desencanto,
Pensarei no presente.
Preciso ornamentar a mente
Num porre de margaridas.

Talvez, à noite,
Possa ouvir o universo
A sussurar-me teu verso...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ANTES... DEPOIS...

Antes?
Eu cantava,
No coral.

Não sabia
O que era estar mal,
Pois havia sempre
Alegia, saúde,
E bênção final.

Meu enxoval subjetivo
Era um reservatório
Vivencial,
Sem paradoxos .

Antes,
Eu esperava,
Você.

Mel me traria,
Para me lambuzar
A boca, o corpo.
Por momentos eternos,
Seríamos “ igual..”

Antes... Depois...
Pela inexperiência,
Pela expectativa,
De que afinal
A felicidade
Cairia no meu avental,
Como brinde...
Ingenuidade,
Da ótica que me ensinaram
Ver os seres do mundo.
Pelo tempo
Passando, ultrapassando...
A vida tornou-se real,

Eu?
SOU EU.
Às vezes mais doce,
Ás vezes fel.
Sem abdicar da esperança
Do transcendental.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

HELIODORA

Eu poderia ter nascido
em Maria da Fé,
e então seria:
Diumira Maria, de Maria da Fé.

Eu poderia ter nascido
em Serrania
e então seria:
Diumira Maria, de Serrania.

Eu poderia ter nascido
em Boa esperança
e então seria:
Diumira Maria, de Boa Esperança.

Eu poderia ter nascido
em Três Corações,
e então seria:
Diumira Maria, de Três Corações.

Faz muito tempo que nasci,
agora sou uma senhora
conheço a fé e a esperança,
os corações, as serranias,
e outeiros mineiros,
sou Diumira Maria, poetisa,
de Heliodora,
(antigamente Santa Isabel dos Coqueiros).

"TEIAS" DE AMOR

Vasculhando meu chão
de sentimentos,
meu pensamento pensou meu pai.
E, com a maturidade da minha idade
encontrou palavras de definição.
Encontrou bondade e caridade,
encontrou ciência e competência,
encontrou fé...

(Meu pensamento, por um momento
foi só agradecimento a Nosso Senhor,
por esta vida bonita,
esse exemplo de amor!)

PEREGRINA

Existe uma mulher, peregrina,
buscando cumplicidade.
Precisa de compartilha
em suas alegrias,
em seus planos, seus enganos,
suas lembranças,
sua fé...

Tendo tudo isto,
ainda assim é insegura,
pois não sabe ser sózinha,
desconhecendo
quem "o outro é"!

Desnudou-se
de máscaras ou armadura,
e, em sentimentos transparentes
se mostra, íntegra,
ao se doar a vida.
Ardente, incompreendida...

Quem nasceu para ela
não está à sua procura?
Não há mãos nas mãos,
nem toques de ternura...

Será a sua sorte,
dar-se em penhor à morte,
à espera de ser transformada
em menos limitada criatura?

DIA-APÓS-DIA

Se me for permitido sobreviver
ao dia de hoje,
amanhã serei mais gente.
Terei entendido que não existe
"para sempre",
e que "nunca mais" é também expressão
de ação reincidente.

Se me for permitido sobreviver
ao dia de hoje,
é preciso aferir a balança que mede
a chance real, e, ideal
de minhas forças vitais suportarem
os desafios existenciais!

Se me for permitido sobreviver
ao dia de hoje,
me será permitida a esperança.
Aquela que impulsiona o ser humano
a nunca desistir de ser feliz.

Então procurarei alguém
que ama o poeta.
Que o abençoa, que o perdoa.
Que o liberta da culpa de sentir,
profundamente,
a beleza, a fragilidade, a amargura
de todos
e, de tudo que o cerca!

ROTEIRO

Existem viagens
que a gente tem que fazer,
sem poder escolher.
Vida, morte.

Existem bagagens
que a gente tem de levar,
sem poder reclamar.
Passado, presente.

Do passado venho eu mesma,
e todos os meus.
No presente tenho eu mesma,
e todos que amo,
mais meus sonhos.

Existência:
Bagagem pesada,
distância ignorada,
realidade testada,
nada mais que isto!

EU PECADORA

Parece que já chorei todas as lágrimas,
até ficar sêca,
que já sofri todas as dores,
até ficar feia,
que os meus talentos estão morrendo,
e, há sangue escorrendo
sobre a paz que aparento.

Parece que há séculos estou vivendo,
amando tanto, sem ser tanto amada.
parece que não amamentei meus filhos,
e, que também, não fui amamentada...

De volta ao deserto,
eu pecadora, Senhor,
criada à Tua imagem e semelhança,
nesta minha sensação de orfande,
de desconfiança,
confesso a minha explícita infidelidade
à Tua nova e eterna aliança!

ELOS

Não fui menina de tranças,
fui menina de cachos,
que as mãos da mãe modelavam,
dizendo que me amavam.
Não fui menina quietinha,
fui falante, cantante,
artista de teatrinhos, de fundo de quintais,
em tardes dominicais.
Brinquei com boneca de louça
vestida de moça, meu ideal de beleza
que com cuidado guardava
para olhar admirava.
Tive amigos, (pequenos principes),
e planejei com eles, encontro marcado,
(como Fernando Sabino)
mas fomos apartados,
pelo destino.
Dancei ao som de boleros em surdina.
Já não era mais menina.
O rio da minha aldeia,
ainda reune pessoas
no vale do Sapucaí...

Balançando em minha rede,
hoje, aqui,
identificando o passado,
ó espírito das lembranças,
vem me ninar,
para eu dormir!

EVOCAÇÃO

Não fui menina de tranças,
fui menina de cachos,
que as mãos da mãe modelavam,
dizendo que me amavam.
Não fui menina quietinha,
fui falante, cantante,
artista de teatrinhos, de fundo de quintais,
em tardes dominicais.
Brinquei com boneca de louça
vestida de moça, meu ideal de beleza
que com cuidado guardava
para olhar admirava.
Tive amigos, (pequenos principes),
e planejei com eles, encontro marcado,
(como Fernando Sabino)
mas fomos apartados,
pelo destino.
Dancei ao som de boleros em surdina.
Já não era mais menina.
O rio da minha aldeia,
ainda reune pessoas
no vale do Sapucaí...

Balançando em minha rede,
hoje, aqui,
identificando o passado,
ó espírito das lembranças,
vem me ninar,
para eu dormir!

AMIGOS

Amigos são os companheiros
da hora do chimarrão,
e, do cafezinho mineiro,
com quitandas,
que "alimentam a reunião".
Amigos são os companheiros
das horas de alegria,
e de agonia, mesmo à distância...
Amigos são os que encontro
na minha comunidade, para celebrar,
com fé, o Deus da fraternidade.
Amigos são meus compadres
que moram nas Moreninhas.
São os que trocam comigo,
(como crianças), as figurinhas.
São meus confidentes, espelhos,
que sabem dizer um não
sem magoar meu coração.
São os idealistas, os artistas...
que me mostraram no homem,
a imanência, a trancendência,
e a integração.

Amigos, como diz a Bíblia,
"são os irmãos escolhidos por nós mesmos".

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEUS ME LIVRE !

De...emudecer,
estarrecida,
assistindo o mundo
vergar diante dos valores
suicidas.

(Poetar em silêncio,
ou com o silêncio,
fazendo uma oração
já é do conhecimento
total e irrestrito
do meu Deus que tudo sabe
desde a eterna eternidade.)

Emudecer os olhos...
emudecer os ouvidos...
emudecer as mãos em metas,
perdidas
Emudecer...não quero,
não devo,não sei...

VITRINE

Foram embora
da minha memória,
as cantigas de roda...
E mesmo que eu chame
minha fada madrinha,
ela não poderá ,jamais,
me encantar.

De adulta resulta
solitária mulher,
procurando,
na linha do tempo,
no limite da alma,
e,no silêncio ,profundo,
do seu interior,
o que lhe servem,
em migalhas,
de amor!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

VÓ PINA, A ITALIANA...

A italiana que veste
Geneticamente,
Meu temperamento,
É uma avó,
de exemplos variados:
De massa caseira à modista,
Da simploriedade à finesse,
uma mistura de fé com ternura,
a coser ou cozer, sabiamente.
Entrelaçando-nos como
naturalmente queria,
Uma família..

A velha mama,
nascida em Pio Monte
Era franca e direta.
Não dizia” aceita ?”, mas, ”quer?”
“trabalho endireita...”,
“o sol da manhã é que tem vitamina”.

Tinha lembranças da Argentina,
Quando mocinha,
E cantava:” Lencinho Branco”

Modelava minhas camisolas,
E cócegas nas minhas costas
Já eram preambulo para eu cochilar,
Logo dormia ,
no seu canto.

Nesse irrecuperável tempo,
Eu era
“A negra da vovó”.

LAMENTO PASSAGEIRO

Melhor seria
não enxergar nas pessoas
além do que elas têm no rosto estampado.
Ser indiferente à harmonia e à desarmonia,
ao sentimento que brota do âmago do meu ser,
traduzindo emoção em poesia.
Melhor seria não ter competência,
nem consciência,
para pressentir a diferença
entre acolhida e recepção,
escolha e opção,
amor e servidão...

Melhor seria deixar passar a vida,
aguardando a morte,
sem questionar a sorte
dos que estão
entre a pobreza e a miséria!
Melhor seria fechar os olhos,
e, no infinito momento
de sabedoria,
sem lamento,
entregar-me nas mãos do Criador,
agradecendo: obrigado Senhor,
por eu ser assim um ser buscante,
tão semelhante ao que esperas de mim!

TER, SER E PODER

Ter uma casa singela,
com floreiras nas janelas,
no muro, verdinho, a hera.
A Bíblia e os santos,
num canto.

Ser forte, serena e terna,
ser antiga, ser moderna,
voar, visitar os amigos,
nos olhos de um bem-te-vi.

Ser acalanto, ser abraço,
mas, quando me visse um ser fraco,
ter teu amor no conforto
de um olhar, profundo, envolto,
num "meu bem, estou aqui".

Inserir, no dia-a-dia, o sonho,
de ser feliz.
Meta de uma mulher,
poeta...

TESTEMUNHO

Olho-me no espelho
e enxergo uma ruga a mais
em minha face,
fato comum a toda humanidade.

Olho-me no espelho
e ele me devolve imagens
de meninice, de mocidade e de maturidade,
de uma jovem senhora,
sem idade,
agora mais fortalecida em fragilidade!

Olho-me no espelho de minh'alma
vendo minha vida idealizada
nos caminhos da Teologia que escolhi

Posso-me pensar em todos os tempos
e cultivar sonhos de libertação.
Posso, no imenso céu azul que nos envolve
ser uma estrela a mais,
tentando me comunicar com os homens,
para repartir com eles,
tudo o que já vivi
da ressurreição!

MINEIRANDO

As minhas lembranças caminham,
pelas ruas estreitas, imperfeitas,
da minha pequena cidade,
distante.
Reencontro a minha gente,
vejo o verde, perto, e quente.
A Igreja, a escola, a praça,
e toda uma história latente,
nos casarões coloniais.

As minhas lembranças caminham,
procurando lembranças, outras,
no coração das pessoas.

Minhas lembranças são eu mesma,
buscando a minha presença,
depois que o tempo passou...

SINONIMOS VIVENCIADOS

Maturidade: espiritualidade,
generosidade, complacência,
coerência.
Maturidade: oração,
contemplação, consciência,
reverência.
Maturidade: solidão,
saudade, afinidade,
emoção.

Maturidade:
tempo de ser harmonioso,
tempo de ser simplicidade,
tempo de ter pesos e medidas
com liberdade.
Tempo de aprender com os filhos,
sem esquecer os pais.
Tempo de ser profeta,
e de me irmanar aos homens,
de boa vontade,
para trabalharmos juntos
na construção da paz.

AMIGOS...

Amigos são os companheiros
da hora do chimarrão,
e, do cafezinho mineiro,
com quitandas,
que "alimentam a reunião".
Amigos são os companheiros
das horas de alegria,
e de agonia, mesmo à distância...
Amigos são os que encontro
na minha comunidade, para celebrar,
com fé, o Deus da fraternidade.
Amigos são meus compadres
que moram nas Moreninhas.
São os que trocam comigo,
(como crianças), as figurinhas.
São meus confidentes, espelhos,
que sabem dizer um não
sem magoar meu coração.
São os idealistas, os artistas...
que me mostraram no homem,
a imanência, a trancendência,
e a integração.

Amigos, como diz a Bíblia,
"são os irmãos escolhidos por nós mesmos".